O presidente da Câmara de Arganil considerou hoje que é uma vitória o Posto de Turismo de Piódão ser finalista do prémio de arquitetura Mies van der Rohe, adiantando que o próximo passo é a aldeia ser monumento nacional.
“A circunstância de estarmos nestes sete finalistas para nós já é uma grande vitória”, afirmou Luís Paulo Costa à agência Lusa.
O Posto de Turismo de Piódão é um dos sete projetos finalistas do prémio de arquitetura Mies van der Rohe, anunciou hoje a organização, a cargo da fundação que lhe dá nome e da Comissão Europeia.
O projeto de João Branco e Paula del Río (do ateliê Branco Del Rio) para a Praça e para o Posto de Turismo de Piódão, no concelho de Arganil, no distrito de Coimbra, é um de dois finalistas na categoria Emergentes, a par da Biblioteca Gabriel García Marquez, em Barcelona, da SUMA Arquitetura.
Luís Paulo Costa salientou que se trata do “mais importante prémio de arquitetura na Europa”, lembrando que o projeto concorreu com mais de 200 e é o único nacional entre os finalistas.
A requalificação do Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira e a reabilitação do edifício do Posto de Turismo de Piódão, a única Aldeia Histórica de Portugal no distrito, foram inauguradas em novembro de 2022.
O investimento, de 930 mil euros, teve o apoio de 400 mil euros do Turismo de Portugal, segundo o município.
“Conseguimos, numa Aldeia Histórica, que é imóvel de interesse público e haverá de ser monumento nacional, fazer uma revolução muito significativa naquilo que tem a ver com as práticas, desde logo o largo, que era utilizado de forma quase anacrónica e selvagem para estacionamento”, referiu o autarca, explicando que o espaço foi “integralmente devolvido às pessoas” e passou a ser “exclusivamente pedonal”.
Luís Paulo Costa disse acreditar que outra componente que poderá ter pesado na decisão do júri foi a “utilização dos materiais tradicionais, como é o caso da pedra, neste caso do xisto, com as técnicas tradicionais”.
Quanto à intervenção no posto de turismo, o presidente da Câmara realçou que o espaço passou a ser uma montra do que o concelho tem.
“É, atualmente, um espaço muito atrativo, muito convidativo, não só para procurar informação, mas também para ter acesso”, por exemplo, ao núcleo museológico, instalado num dos pisos do edifício, explicou.
Luís Paulo Costa adiantou que a aposta agora é na classificação como monumento nacional, embora reconheça que há “alguns desafios” na aldeia, como a resolução de problemas relacionados com algumas fachadas e coberturas, e a eliminação de antenas.
Outro desafio prende-se com “novas soluções na mobilidade” para quem visita Piódão.
“Neste momento, precisamos de outras soluções que permitam que quem nos visita também possa aceder à aldeia de forma confortável”, destacou.
Segundo dados da autarquia enviados à Lusa, o Posto de Turismo de Piódão teve o ano passado 12.806 visitantes, dos quais 3.025 estrangeiros. Já o núcleo museológico registou 6.319 entradas, das quais 1.210 foram de cidadãos estrangeiros.
Em dezembro de 2022, a Direção-Geral do Património Cultural deu início ao procedimento de alteração da área classificada da povoação de Piódão e da sua reclassificação para conjunto de interesse nacional/monumento nacional.
A povoação, inserida na serra do Açor, é conhecida por “aldeia presépio”.
“O processo de classificação é o culminar de um trabalho que estamos a fazer no âmbito da rede das 12 Aldeias Históricas”, salientou na ocasião o presidente da Câmara de Arganil.
Segundo Luís Paulo Costa, “o que está a ser feito é alterar a classificação”, para as 12 aldeias passarem a ter “estatuto de monumento nacional ou superior”.
O Prémio Mies van der Rohe toma o nome do arquiteto de origem alemã que dirigiu a Bauhaus no início da década de 1930.
A Rede das Aldeias Históricas de Portugal integra as aldeias de Castelo Mendo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Piódão e Sortelha, as vilas de Almeida, Belmonte, Castelo Novo, Castelo Rodrigo e Monsanto e a cidade de Trancoso.